quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A história de Tibe: esclarecer os fatos para que haja justiça!




A História que a Aprov (Associação de Proteção à Vida) relata, aqui, é daquelas histórias estarrecedoras. Daquelas que mexem com o coração e com a razão, porque o desejo de resposta, de justiça não é mais o desejo de uma família, mas de uma sociedade inteira.

O relato que fazemos conta o drama e a dor da família Milfont, mas, principalmente, a dor do Tibe, um poodle de 10 anos de idade. Cuidado como devem ser cuidados todos os animais, mas tendo a sorte que a maioria não tem, Tibe recebera uma vida inteira de cuidados, atenção e respeito.

Tratado como membro da família, como deve ser, mas, já sofrendo as sequelas do tempo, apresentou sintomas de artrose. A família cuidou de tratá-lo. A ideia, inclusive, era fazer uma cadeirinha de rodas, para que tivesse mais conforto.

Na clínica da Dra. Tarcila Oliveira, Clivet, além dos cuidados para a doença que lhe acometia, a família foi aconselhada a fazer um exame de Calazar. Assim, sempre pensando no bem-estar do Tibe, nosso amigo foi levado à clínica do médico veterinário que lhe acompanhou durante seus dez anos, Robério Cruz, da Dog Lar.

Em 31 de outubro de 2009 foi colhido seu sangue. O resultado do exame para o Calazar saiu no dia seguinte e a família recebeu a notícia por telefone de que o mesmo dera positivo. O drama e a dor sentidos pelos Milfont, bem, só os mesmos podem relatar...

A recomendação, nesses casos, é de que o animal seja sacrificado, porque se torna um potencial transmissor da doença, a qual acomete animais e também seres humanos. O animal foi enviado à clínica Dog Lar para que lhe fosse feita a eutanásia.

Ao veterinário, foram-lhe pagos R$ 50,00 (sendo R$ 20,00 pelo exame e R$ 30,00 pela eutanásia). O que a família sabia, era que seria usado o procedimento recomendado: anestésico, seguido da injeção letal de cloreto de potássio. O corpo do animalzinho seria, ainda, enterrado num sítio em Arajara (distrito da cidade de Barbalha).

Treze dias depois, o cachorrinho Tibe foi encontrado perambulando pelas ruas do Crato, em frente ao Hospital São Francisco. Arrastando-se, com feridas em várias partes do corpinho, nas patas e nos quadris. Um anjo que ama animais, que já conhecia o trabalho da Aprov, o encontrou e o levou para uma outra clínica veterinária, de um veterinário associado e colaborador da Aprov: Dr. Henrique Lima, da Canifel.

A semelhança com o Tibe era enorme, Dr. Henrique contactou a família que constatou ser mesmo o Tibe: o mesmo animal deixado na Dog Lar para que lhe fosse dada morte digna, sem sofrimento.

Que conclusões podem ser tiradas dessa história? A Aprov, como toda sociedade, clama por uma investigação dos fatos. De quem é a responsabilidade?

Procurado pela reportagem do programa Rota, da TV Verde Vale, a resposta dada ao repórter Cícero Lúcio é a de que o próprio veterinário, Dr. Robério Cruz, aplicara no Tibe 10 ml de cloreto de potássio. Ainda segundo o veterinário, depois de parada cardíaca, Tibe teria sido colocado em um saco. Para o veterinário, parecia um “milagre”, não havia explicação para aquilo.*

Nosso amiguinho Tibe, se acometido pelo Calazar – com toda essa situação a família refez o exame e espera pelo resultado. Dessa vez, o exame foi encaminhado para análise em Belo Horizonte, procedimento padrão das clínicas veterinárias do Ceará –, ao passar 13 dias vagando nas ruas do Crato, tornou-se um problema de saúde pública. Pois sabemos que o cão contaminado pode virar alvo do mosquito flebótomo, o qual tem a capacidade de abrigar e transmitir o parasita e consequentemente é considerado o vetor da leishmania, o que contamina também o ser humano.

Além disso, a família – que pagou por um serviço clínico e cujo resultado foi de longe o esperado – pode, ainda, recorrer aos órgãos de defesa do consumidor. Para tanto é necessário que esse fato seja esclarecido pelos órgãos competentes: o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Ceará** e a própria justiça.

Para a Aprov, que defende a vida, que luta, especialmente, pelo respeito e pela ética para com a vida animal, esse é um “milagre” que precisa ser esclarecido. É nossa missão: promover a defesa de bens e direitos relativos aos animais e ao meio ambiente. Portanto, o que se clama, aqui, é que os princípios que defendem a vida animal sejam respeitados.

Que se cumpra a Constituição Federal, na qual em seu art° 255/inciso VII esclarece que é dever do poder público: “proteger a fauna, a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade”.

Que se cumpra a Lei Federal 9.605/1998 (Lei de crimes ambientais), a qual, em seu art° 32, estabelece que é crime: “Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”.

Que se cumpra, por fim, o juramento do médico veterinário: “Sob a proteção de Deus, juro que, no exercício da Medicina Veterinária, cumprirei os dispositivos legais e normativos, com especial atenção ao Código de Ética, sempre buscando uma harmonização perfeita entre ciência e arte, para tanto, aplicando os conhecimentos científicos e técnicos em benefício da preservação e cura de doenças animais, tendo como objetivo o homem. E juro tudo isso fazer, com o máximo respeito à ordem pública e aos bons costumes, mantendo o mais estreito segredo profissional das informações de qualquer ordem, que, como profissional, tenha eu visto, ouvido ou lido, em qualquer circunstância em que esteja exercendo a profissão.”.

Por favor, para que transformemos a luta da família Milfont na nossa luta por justiça, por dignidade, respeito à vida e pela ética, encaminhe esta carta a todos que puderem. Façamos chegar nossa indignação a todas as famílias, todos os lares, aos órgãos públicos, às sociedades protetoras dos animais e enviemos, principalmente, nossa necessidade de esclarecimento ao Conselho Regional de Medicina Veterinária para que o caso seja solucionado e que a justiça seja feita.


Crato-Ce, 16 de novembro de 2009.

Aprov – Associação de Proteção à Vida
contato.aprov@gmail.com
www.souprotetor.blogspot.com

* Essa informação foi publicada no dia 16 de novembro de 2009, no programa Rota, da TV Verde Vale.

** Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Ceará, situado a Rua Dr. José Lourenço, nº 3288 - Joaquim Távora - CEP: 60.115-280 – Fortaleza – Ce - Fone/fax: (85) 3272-4886
http://www.crmv-ce.org.br/