Vida de protetora não é fácil. Acompanhar sofrimento, dor e abandono dos animais sempre causa sensações de impotência ou dor em nós mesmas. A cada caso atendido deve haver outros cinco, seis onde não podemos intervir. Somos poucas, os recursos insuficientes. Muitos casos me marcaram: os cães que esperam o sacrifício nos CCZs, muitos deles com problemas reversíveis; os gatos saudáveis, na mesma situação, que nunca serão adotados; animais morrendo aos poucos, amarrados no quintal dos próprios donos, como a Pluft. Na semana da Expocrato, uma cadela adulta vagava pelas ruas do Pimenta. De porte grande, arrastava uma corda amarrada no pescoço, não entendi como se colocava em pé. As marcas na face, a procura desesperada por comida. Tentar resgatá-la e não conseguir rendeu-me uma noite de insônia. Mas nossa Fly tocou outros corações e foi resgatada por protetoras, que como soldados numa batalham decisiva não fecham os olhos, não exitam na dúvida.
Depois de um mês, ver a Fly em plena recuperação, “voando” de felicidade, acolhida em um lar temporário, esperando uma adoção definitiva, causa-me o mais profundo sentimento de alívio e dever cumprido.
· * A Fly encontra-se na casa da Ruth, protetora que nos ligou para resgatá-la e que delicadamente a acolheu após alta na clínica. É extremamente grata por ter sido notada. Nossa gratidão a Márcia, protetora que deixou seu lar em uma noite qualquer de julho para resgatar nossa heroína.
· ** Por falta de estrutura, é impossível alguns animais permanecerem conosco. A acolhida em um “lar temporário” é um dos mais importantes suportes ao nosso trabalho. Obrigada a Ruth, a Vera, a Vanessa...por abrirem suas portas para a solidariedade e para o amor. Agradecimento? É só olhar nos olhos da Fly, da Kika...do Victório...da Costelinha...dos filhotes...